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Endo 1- Material obturador

  • Yasmim Ferraz Simões de Faria
  • 18 de set. de 2024
  • 6 min de leitura
  • Objetivo: eliminação de espaços vazios, originalmente ocupados pela polpa dental, que podem servir de nichos para a proliferação de microrganismos que resistiram ao preparo do canal (infecção persistente), ou que, em momento posterior, possam ganhar acesso a estes espaços (infecção secundária).

  • Os materiais obturadores considerados “padrão ouro” são a guta-percha e o cimento endodôntico.

  • A obturação deve consistir em uma massa formada pela guta-percha com um mínimo de cimento endodôntico.


  • Guta-percha:

    → Isômero da borracha, porém mais quebradiço, mais duro e menos elástico. → Cones de guta-percha são constituídos 20% por guta-percha, 60-75% de óxido de zinco, 1,5-17% de radiopacificadores e 1-4% de outras substâncias.

    → A presença do óxido de zinco confere rigidez e atividade antibacteriana aos cones de guta-percha.

    → Possui comportamento viscoelástico (em temperaturas mais altas apresenta comportamento viscoso ou semelhante ao de um líquido e em temperaturas intermediárias encontra-se sólido, com as características de uma borracha).

    → Ponto de fusão 65°C.

    → Quando aquecida se torna mais pegajosa, aderente e com maior escoamento.

    → Comercializada em forma de cone.

    → Classificados em dois tipos: padronizados (calibrados) e auxiliares.

    → Os cones de guta-percha padronizados apresentam diâmetros e conicidades determinados, correspondem aos números padronizados ISO e variam de 15 ate 140, assim como as limas manuais.

    → Possuem conicidade de 0,02mm/mm (igual as limas)

    → Também são encontrados com conicidade 0,04mm/mm ou 0,06mm/mm, porém com D0 entre 15 e 40.

    → O comprimento mínimo é de 28mm.

    → A desinfecção do cone de guta-percha pode ser feita antes do uso pela imersão do cone em hipoclorito de sódio na concentração de 2,5%até 5,25%por um minuto.

→ Vantagens do cone de guta-percha:

1. Adaptam-se facilmente às irregularidades do canal quando utilizados em várias técnicas de obturação.

2. São bem tolerados pelos tecidos perirradiculares.

3. São radiopacos.

4. Podem ser facilmente plastificados por meios físicos e químicos, de acordo com variações de técnicas.

5. Possuem estabilidade dimensional nas condições de uso.

6. Não alteram a cor da coroa do dente quando usados no limite coronário adequado da obturação do canal.

7. Podem ser facilmente removidos do canal radicular.


→ Desvantagens do cone de guta-percha:

1. Apresentam pequena resistência mecânica à flexocompressão (rigidez), o que dificulta o seu uso em canais curvos e atresiados.

2. Apresentam pouca adesividade, o que exige a complementação da obturação com cimentos endodônticos.

3. Podem ser deslocados pela pressão, provocando sobreobturação durante os processos de compactação.

4. Os cones de guta-percha devem ser conservados em local fresco e protegidos da luz, caso contrário, ficarão quebradiços e não deverão ser utilizados na obturação dos canais radiculares.


  • Cimentos endodônticos:

→Como citado anteriormente a guta-percha não adere as paredes do canal radicular, tornando necessário o uso de cimentos endodônticos.

→ Visam reduzir a interface existente entre a guta-percha e as paredes do canal e tornar a obturação mais homogênea.


→Cimento endodôntico ideal deveria apresentar as seguintes propriedades:

1. Ser de fácil inserção e remoção no canal radicular.

2. Ter bom tempo de trabalho.

3. Promover o selamento tridimensional do sistema de canais radiculares.

]4. Apresentar estabilidade dimensional nas condições de uso.

5. Ter bom escoamento.

6. Ser radiopaco.

7. Não manchar a estrutura dentária.

8. Apresentar adesividade às paredes do canal.

9. Apresentar força coesiva.

10.Ser insolúvel nos fluidos teciduais e na saliva.

11.Ser solúvel ou reabsorvível nos tecidos perirradiculares.

12.Ser impermeável no canal.

13.Apresentar biocompatibilidade.

14. Ter atividade antimicrobiana.


→ Não existe no mercado nenhum cimento que possua todas as propriedades acima!


→ No mercado existem diversos tipos de cimento endodôntico, classificados em: cimentos à base de óxido de zinco-eugenol (OZE); cimentos que contêm hidróxido de cálcio; cimentos resinosos; cimentos de ionômero de vidro; e cimentos à base de silicone.


→ Cimentos à base de óxido de zinco-eugenol(OZE):


❖ Cimento de OZE:

▫ Zinco+Eugenol.

▫ Possui atividade antibacteriana, efeito anestésico e anti-inflamatório.

▫ Possui efeito citotóxico e neurotóxicas devido ao eugenol.

▫ Pode induzir vasodilatação, podendo ser deletério para uma polpa já lesada, acarretando necrose tecidual.

▫ Quando este cimento extravasa para os tecidos periradiculares tende a exercer suas propriedades deletérias, podendo interferir negativamente no processo de reparo tecidual.

▫ Tempo de trabalho de 3 horas.

▫ Tempo de endurecimento 20 horas.

▫ Cimento de OZE sem aditivos possui baixa capacidade de adesão e baixo escoamento.


❖ Cimento de Grossman:

▫ Pó: óxido de zinco; resina hidrogenada; colofônia; subcarbonato de bismuto; sulfato de bário; borato de sódio (anidro). Líquido: eugenol.

▫ Comercializados como: Endofill (Dentsply-Maillefer), Intrafill (SSWhite), Pulp Fill (Biodinâmica) e Fill Canal (Technew).

▫ Boa capacidade seladora; baixa permeabilidade; estabilidade dimensional; adesividade adequada; baixa solubilidade; e baixa desintegração.

▫ Seus aditivos melhoram as propriedades do cimento OZE puro.

▫ Tempo de trabalho de 24 horas e de endurecimento 40 horas.

▫ O selamento apical promovido pelo cimento de Grossman é satisfatório

▫ Durante a espatulação do cimento devemos conferir se a consistência está correta da seguinte forma:

1. Levantando-se o cimento com o auxílio da espátula, este não deverá cair antes de 16 segundos.

2. Colocando-se a espátula sobre o cimento preparado, ao se levantar, o cimento deverá formar um fio de cerca de 2,5 mm antes de romper.


→ Cimentos resinosos:

❖ São representados pelos seguintes cimentos: AH 26, AH Plus, Epiphany, EndoRez e MetaSeal.

❖ Excelentes propriedades fisico-químicas.


❖ AH 26:

▫ Cimento à base de resina epóxica.

▫ Boa estabilidade dimensional, adesividade, radiopacidade, baixa solubilidade, boa capacidade seladora (apical e coronal) e alto escoamento.

▫ Induz reações inflamatórias severas para períodos curtos e leve para períodos longos.

▫ Tempo de trabalho de 7 horas e de endurecimento 32 horas.


❖ AH Plus:

▫ Cimento à base de resina do tipo epóxi-aminas.

▫ Tempo de trabalho de 4 horas e o de endurecimento 8 horas.

▫ Boa capacidade seladora apical e excelente comportamento histológico, permitindo o selamento biológico pela deposição de um tecido cementoide. Atividade antibacteriana satisfatória e excelente escoamento.

▫ Excelente capacidade adesiva.


❖ Epiphany (Real-Seal):

▫ Compósito de cura dual que se autopolimeriza em cerca de 25 minutos.

▫ Acompanhado por um primer autocondicionante.

▫ O hipoclorito de sódio pode afetar negativamente a força de adesão do primer, depois da irrigação com esta substância, deve-se irrigar com EDTA e água destilada ou solução salina.

▫ Deve-se fotopolimerizar a superfície coronária do material por 40 segundos para promover um selamento coronário.


❖ Endo-Rez:

▫ Cimento resinoso hidrofílico à base de metacrilato.

▫ Bom molhamento das paredes do canal e escoamento para o interior de túbulos dentinários.

▫ Ótima capacidade seladora.

▫ Indicado apenas para a técnica do cone único ou pela compactação lateral.

▫ Cones de guta-percha recobertos com Endo-Rez também estão disponíveis comercialmente para uso com o cimento, favorecendo a união química de cone-cimento.


❖ MetaSeal:

▫ Cimento à base de metacrilato.

▫ Cimento autocondicionante, com cura dual e toma presa melhor em ambientes úmidos.

▫ Tempo de trabalho é de 30 minutos e o de endurecimento é de 16 horas.

▫ Há poucos estudos avaliando suas propriedades.

▫ Indicado apenas para as técnicas de obturação à frio.



→ Cimentos contendo hidróxido de cálcio:

❖ Hidróxido de cálcio apresenta alguns inconvenientes, uma vez que não é radiopaco, tem pouco escoamento, não tem boa viscosidade, é permeável e é solubilizado com o tempo.

❖ Possui ótimas propriedades biológicas, mas não possui boas propriedades físico-químicas.

❖ Os materiais deste grupo, comumente pesquisados e conhecidos, são Sealapex, CRCS, Sealer 26, Apexit Plus e Acroseal.


→ Cimentos à base de ionômero de vidro:

❖ Preconizado por ter excelente atividade antibacteriana, efeito cariostático, adesão química à estrutura dentária e biocompatibilidade quando utilizado como material forrador.

❖ Atualmente, parece não haver qualquer cimento endodôntico à base de ionômero de vidro disponível comercialmente.


→ Cimentos à base de silicone:

❖ Idealizados devido a boa tolerância tecidual e capacidade seladora do silicone.

❖ O cimento é colocado por meio de um aplicador de câmara dupla, que já o mistura na dosagem apropriada (como os silicones).

❖ O aplicador possui pontas misturadoras especiais e flexíveis, de emprego único, que permitem a aplicação do cimento no canal.

❖ O material polimeriza por completo, independentemente de umidade e temperatura.

❖ O tempo de trabalho é de 15 a 30 minutos e o de endurecimento de 45 a 50 minutos.

❖ Há poucos estudos avaliando suas propriedades.

❖ Ex: RoekoSeal Automix (Dental Products, Langenau, Alemanha) e Guttaflow.


→ Agregado de trióxido mineral (MTA):

❖ Apresenta pH alcalino (em torno de 12,5).

❖ Material se expande realizando selamento marginal das cavidades.

❖ Melhor adaptação do que outros materiais usados com as mesmas finalidades.

❖ Pode ser empregado em presença de umidade (perfurações, cirurgia perirradicular, reabsorções...).

❖ Estimula a neoformação dentinária, apresenta atividade antibacteriana satisfatória, promove um selamento adequado, prevenindo a microinfiltração, é biocompatível e não tem potencial carcinogênico.

❖ Deve ser preparado imediatamente antes de sua utilização.

❖ Excelente material selador em perfurações radiculares e de furca; como material selador de perfurações resultantes de reabsorções internas e externas comunicantes; como material retroobturador em cirurgias perirradiculares; como material de apicificação bem como tampão apical.

❖ Possui custo elevado, um longo tempo de cura e difícil manipulação.




 
 
 

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