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ENDO 1 - Anatomia do sistema de canais radiculares (SCR) - dentes uni e birradiculares

  • Yasmim Ferraz Simões de Faria
  • 18 de set. de 2024
  • 5 min de leitura










O conhecimento da morfologia do sistema de canais radiculares (SCR) é um dos requisitos para se atingir o sucesso do tratamento endodôntico. Apesar das evoluções que a Endodontia vem passando nos últimos anos, principalmente com o desenvolvimento de novas ligas e instrumentos, a complexa anatomia do SCR ainda é um fator limitante de um adequado preparo químico-mecânico, favorecendo a permanência de remanescentes teciduais vivos e/ou necrosados bem como de biofilmes bacterianos em istmos, reentrâncias e ramificações do SCR


Anatomia da cavidade pulpar

A cavidade pulpar é definida como o espaço dentro do dente que abriga a polpa. Ela é dividida em câmara pulpar (porção coronária) e canal radicular (porção radicular)


  1. Câmara pulpar: Cavidade única que aloja a polpa coronária, se assemelha em forma com a superfície do dente e se localiza na porção coronária. Nesta cavidade encontramos:

I. Teto da câmara pulpar: Possui formato côncavo e, geralmente, apresenta reentrâncias correspondentes a anatomia da coroa, os chamados divertículos pulpares.

II. Assoalho da câmara pulpar: Face oposta ao teto. No assoalho estão localizadas as entradas dos canais (abertura que conecta a câmara pulpar aos canais).*Não está presente em elementos que possuem apenas 1 canal, tendo uma divisão menos clara entre câmara/canal nestes casos. No assoalho, pode existir o rostrum canalis



, que é uma canaleta escurecida unindo a entrada dos canais.

OBS: Nos jovens, a câmara pulpar é bem ampla. Porém, com o passar dos anos, há uma contínua deposição de dentina, além da possível formação de calcificações e reabsorção interna, que modificam a sua configuração.


2. Canal Radicular: Acompanham a forma externa da raiz, apresentando forma cônica com maior diâmetro na cervical. São divididos em terço cervical, médio e apical, e apresentam variações quanto ao número, forma, direção e configuração. A anatomia do SCR é complexa e a presença de um canal reto com forame único é exceção, e não a regra. Podem apresentar ramificações que o comunicam com a face externa da raiz.


- Ramificações: a presença de ramificações é consideravelmente maior no terço apical, seguido pelo médio e, por último, pelo cervical. Nos dentes posteriores, há uma maior incidência de ramificações. Os canais são classificados da seguinte forma:

>Principal: é o de maior calibre, percorre a raiz em toda sua extensão e é visualizado na radiografia

>Canais acessórios. Quando o canal acessório esta localizado no terço cervical ou médio estendendo-se horizontalmente chamamos de canal lateral, quando esta localizado no terço apical alcançando, também, o periodonto lateral chamamos de canal secundário.

>Istmos: É uma área estreita, em forma de fita, que conecta dois ou mais canais radiculares.






Canal radicular apical:

• Constrição apical/Forame menor: É porção apical do canal que apresenta menor diâmetro, se localiza de 0,5mm a 1,5mm do forame maior, conhecido como limite CDC (limite cemento-dentina-canal), região ideal para o término do preparo e da obturação do canal.

• Canal cementário: localizado após o limite CDC, apresenta formato de cone invertido, tendo menor diâmetro na região de constrição apical e maior no forame apical, não deve ser instrumentado.

• Forame apical: Orifício que separa o término do canal da superfície externa da raiz, onde penetram os vasos sanguíneos que suprem a polpa, além de comunicar o tecido da polpa e do ligamento periodontal. Localizado, na maioria das vezes, 0,5 mm do ápice anatômico, lateralmente.

• Ápice anatômico: Ponta ou extremidade da raiz, na maioria das vezes não coincide com a localização do forame.

• Porção que, quando existente, abriga o delta apical: múltiplas terminações do canal principal, originando o aparecimento de vários forames.

• Foraminas apicais: originadas no delta apical, podem abrigar biofilme bacteriano e tecido necrótico.

• O terço apical é considerado uma região crítica por conta de todas as particularidades citadas acima.

• O terço apical abriga, geralmente, a maior quantidade de ramificações.


• Além das ramificações com comunicação externa, já citadas, temos inúmeras ramificações que não possuem esta comunicação. Abaixo coloquei uma imagem com as ramificações que alcançam e nao alcançam o periodonto para melhor compreensão visual:





Principais características de cada elemento dentário

Incisivo central superior

- Raiz: única e reta. O formato da câmara pulpar e do canal radicular geralmente é cônico- piramidal

- Apresenta 1 canal em quase 100% dos casos

- Comprimento médio: 21,5 - 22 mm


Incisivo lateral superior

- Geralmente, é menor que o incisivo central

- Raiz: única, com leve curvatura para a distal. Além disso, o canal geralmente possui um achatamento no sentido mésio-distal

- Comprimento médio: aproximadamente 23 mm


Canino superior

- Maior dente em comprimento da boca

- Comprimento médio: aproximadamente 26 mm

- Raiz: única, com formato cônico-piramidal e também pode apresentar curvatura para a distal, com extremidade extremamente afilada

- Tem o cíngulo proeminente o que facilita o acesso à câmara pulpar

- Câmara pulpar ampla, sendo maior no sentido vestíbulo-palatino


Primeiro pré-molar superior

- Apresenta, na maioria dos casos, duas raízes e dois canais (vestibular e palatino)

- Deve-se sempre ter mente a sua relação de proximidade com o soalho do seio maxilar


Segundo pré-molar superior

- Bem similar ao primeiro pré-molar, no entanto, na maioria das vezes, apresenta uma única raiz

- Apesar de apresentar uma raiz na maioria dos casos, pode ter a presença de dois canais também. Geralmente, tem raiz e canal únicos. Por isso, é sempre importante, no momento da cirurgia de acesso, procurar a existência de um outro canal

- A cavidade de acesso costuma ser um pouco menor que a do primeiro pré-molar superior


Incisivos inferiores

- São dentes bem pequenos e com coroas que costumam ser bastante pequenas também. Assim, deve-se tomar cuidado com o tamanho das brocas que serão utilizadas durante o acesso e com a inclinação da mesma

- Na maioria das vezes, apresenta um único canal, mas existe uma incidência razoável de dois canais. Dessa forma, é importante realizar a remoção do cíngulo lingual

- Possui a câmara pulpar achatada no sentido mésio-distal e ampla no sentido vestíbulo-lingual

- Na região apical também pode ter uma leve curvatura para a distal


Canino inferior

- Possui canal bem amplo e comprimento de aproximadamente 25 mm

- Geralmente, possui raiz e canal únicos


Primeiro pré-molar inferior

- Para diferenciar os pré-molares inferiores dos superiores deve-se observar a face vestibular destes dentes, desde a coroa até a raiz, pois geralmente eles apresentam a cúspide vestibular bem mais alta que a palatina e existe ainda uma inclinação da face vestibular em direção a lingual

- São dentes que normalmente apresentam um canal amplo e bastante achatado no sentido mésio-distal

- Apresenta raiz única em 80% dos casos, mas também pode apresentar variações anatômicas fazendo com que ele tenha mais de um canal ou uma bifurcação, geralmente no terço médio da raiz


Segundo pré-molar inferior

- Apresenta comprimento médio de aproximadamente 22 mm

- É bem similar ao primeiro pré-molar, só que geralmente a ponta de cúspide da vestibular é bem parecida em altura com a palatina

- O formato da anatomia interna do canal é parecido com a anatomia do primeiro pré-molar, tem um achatamento mésio-distal, fazendo com que ele seja um pouco mais ovalado e alongado no sentido vestíbulo-lingual

- Geralmente apresenta um único canal

- Tem menor incidência de bifurcação que o primeiro pré-molar inferior


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