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ENDO 1 - Obturação dos Canais Radiculares (SCR)

  • Yasmim Ferraz Simões de Faria
  • 1 de set. de 2024
  • 7 min de leitura

Atualizado: 18 de set. de 2024














  • O objetivo precípuo da obturação do canal radicular é selar toda a extensão da cavidade endodôntica, desde a abertura coronária até o seu término apical.

  • Precisamos obter um bom selamento apical, selamento lateral e selamento coronário.

  • Bom tratamento endodôntico e uma boa restauração coronária – 81%de sucesso, quando o tratamento endodôntico é bem executado, mas a restauração coronária é ruim, o índice de sucesso cai para 71%dos casos.

  • Parâmetros fundamentais para o sucesso: controle da infecção; obturação compacta do canal radicular; limite da obturação até 2 mm aquém do ápice radiográfico; e uma restauração coronária adequada.

  • O ideal é que a obturação seja realizada 0,5mm aquém do forame apical, e para cada milímetro aquém desta medida, há um decréscimo de 14%no índice de sucesso.

  • Quando ocorre sobreobturação os cimentos podem ter três destinos, dependendo de suas propriedades físico-químicas. Se solúveis, podem (1) ser fagocitados ou (2) se dissolver e serem eliminados na forma de pequenas moléculas ou íons. Se insolúveis, podem(3) ser encapsulados por tecido conjuntivo fibroso.


Mas quando devo/posso obturar o canal?


Alguns requisitos devem ser respeitados antes da obturação:


- Preparo químico-mecânico completo: o canal só deve ser obturado quando sua modelagem, ampliação, limpeza e desinfecção tiverem sido completadas;


- Ausência de exsudação persistente: Se após a remoção da medicação intracanal observa-se a drenagem de exsudato pelo canal, este não deve ser obturado. Primeiro, porque isto sugere que o tratamento não está sendo eficaz na eliminação de irritantes do canal ou está sendo realizado de forma inadequada, causando uma agressão física (sobreinstrumentação) ou química (uso de substâncias citotóxicas) aos tecidos perirradiculares. Segundo, porque a presença de umidade no canal pode interferir nas propriedades físicas do material obturador


- Ausência de sintomatologia: A permanência de microrganismos em número considerável no sistema de canais radiculares, a sobreinstrumentação e o uso abusivo de substâncias químicas de elevada citotoxicidade são as causas mais comuns de sintomatologia persistente.


- Ausência de odor fétido: O canal não deverá ser obturado na presença de odor fétido, pois isto indica a permanência da infecção endodôntica, com proliferação de microrganismos, particularmente, os anaeróbios.


  •  O seu paciente está dentro dos critérios acima? Em caso positivo já podemos começar a obturação! Desinfete seu cone de guta-percha em hipoclorito de sódio, nas concentrações entre 2,5%e 5,25%, e vamos aprender as sobre técnicas de obturação utilizadas na FO-UFF.

  • Antes, vale ressaltar que não existem evidências científicas de que uma técnica seja superior às demais em situações convencionais. Na verdade, a melhor técnica é aquela que o profissional domina e obtura de forma adequada os canais que trata.


Técnica de compactação lateral

  • O termo compactação lateral refere-se à colocação sucessiva de cones auxiliares lateralmente a um cone principal bem adaptado e cimentado no canal.

  • O espaço para os cones auxiliares comumente é criado pela ação de espaçadores (instrumentos da imagem abaixo).

  •  Esta técnica não está indicada em casos de curvatura extrema, aberrações anatômicas ou reabsorções interna e externa.

  • A técnica consiste, basicamente, dos seguintes passos:


    1. Seleção do espaçador:

    ➢ O espaçador nunca deve penetrar até o CT porque pode alterar o selamento apical ou provocar o deslocamento no sentido apical do cone principal de guta-percha.

    ➢ O espaçador a ser utilizado é o de maior diâmetro, que possa penetrar livremente no canal de 2 a 3 mm aquém do comprimento de trabalho (CT).


    2. Seleção do cone principal:

    ➢ O cone é escolhido em função do diâmetro em D0

    ➢ A seleção deve ser realizada com o canal ainda úmido.

    ➢ Devem-se seguir três critérios para seleção do cone principal: inspeção visual, tátil e radiográfica.

  • Visual: Apreende-se o cone com uma pinça clínica (tipo Perry), introduzindo-o no canal até o CT. Após sua retirada, ele não deve apresentar distorções. Se o cone não alcança esta medida, outro de diâmetro imediatamente inferior deve ser testado.

    ▫ Tátil: Uma vez que o cone atinja o CT, o que inicialmente é avaliado de forma visual, ele deve oferecer certa resistência ao deslocamento coronário (tanto no sentido coronário quanto no sentido apical).

    ▫ Radiográfico: Aprovado no teste visual e tátil, o cone é posicionado no canal e o dente radiografado para confirmar a exatidão da seleção.

➢ Após a confirmação realize uma ligeira pressão na pinça para que marque a guta na referência incisal/oclusal, permitindo que no ato da cimentação, facilmente consiga reinseri-lo na extensão desejada.

➢ Mergulhe a guta-percha em um recipiente contendo hipoclorito de sódio, permanecendo aí até o momento de sua cimentação. O mesmo deve ser feito com os cones acessórios.

➢ Realize o protocolo de irrigação final.


3. Secagem do canal:

➢ Com auxílio dos cones de papel absorventes seque completamente o canal, até que o cone de papel saia do canal seco. Um cone de papel deve ser mantido no canal até o momento da obturação propriamente dita, a fim de absorver a umidade que se deve acumular.


4. Preparo do cimento obturador:

➢ A manipulação do cimento é feita utilizando-se placa de vidro e espátula metálica flexível estéril, de acordo com as características e instruções próprias do produto comercial selecionado para a obturação do canal radicular.


5. Colocação do cone principal:

➢ Após secar o cone principal em gaze estéril, com o cone principal seguro com uma pinça na marca confeccionada correspondente ao CT. O cone é carregado com o cimento endodôntico e inserido no canal, realizando-se movimentos curtos de avanço e retrocesso até atingir o CT. Para evitar excesso de cimento na câmara pulpar, o cone deve ser envolvido com material cimentante a partir de sua extremidade até a região mediana

➢ Deve-se evitar a colocação do cone com um único movimento no sentido apical, para evitar que possíveis bolhas de ar existentes no canal fiquem aprisionadas.


6. Compactação lateral:

➢ O espaçador selecionado é introduzido no canal lateralmente ao cone de guta-percha principal, utilizando-se movimentos simultâneos de penetração no sentido apical e rotação alternada. Inicialmente o espaçador selecionado deve penetrar (avanço) no canal até 2 a 3 mm aquém do CT.

➢ Procede-se, então, à remoção do espaçador com uma das mãos, inserindose imediatamente o cone acessório carregado com cimento no espaço criado. ▫ Esta rápida inserção impede a perda do espaço criado.

➢ O cone acessório deve possuir um diâmetro inferior ao do espaçador.

➢ Todos esses procedimentos devem ser repetidos até que o espaçador não penetre mais do que a junção dos segmentos apical e cervical.


7. Radiografia final:

➢ Toma-se uma radiografia para avaliar a qualidade da obturação e, se necessário, fazer os devidos reajustes.


8. Limpeza da câmara pulpar:

➢ Realizamos a retirada de toda guta-percha da câmara pulpar, em seguida com auxílio de uma gaze com álcool removemos o cimento obturador câmara pulpar.


9. Selamento coronário.


Técnina híbrida de Tagger


• Coube a John McSpadden a ideia de plastificar e compactar a guta-percha no canal radicular, mediante a ação mecânica de um instrumento apropriado, acionado em rotação contínua.

• Após a obturação do segmento apical pela compactação lateral, completa-se a obturação dos segmentos médio e cervical mediante a aplicação de um compactador.

• O compactador acionado tende a se movimentar em direção cervical, ou seja, a sair do canal radicular. Ao oferecer uma resistência a esse movimento, o profissional retarda a saída do compactador em poucos segundos, promovendo a plastificação/compactação da guta-percha no interior do canal radicular mecanicamente (calor por atrito).

• Os compactadores disponíveis são fabricados em aço inoxidável, nos diâmetros nominais de 25 a 80, nos comprimentos de 21 e 25 mm.

• Vantagens da técnica:

1. Dispensa equipamentos especiais, proporcionando uma alternativa de baixo custo para quem deseja realizar a obturação com a guta-percha termoplastificada.

2. Possibilidade de correção da obturação, quantas vezes for necessário, evitando a remoção de todo o material obturador.

3. É de rápida execução, com reduzido consumo de material, e promove selamento apical satisfatório.


• Sequência da técnina:

1. Prova do cone principal de guta-percha:

➢ semelhante à técnica de compactação lateral.


2. Aplicação de cimento obturador:

➢ Semelhante à técninca de compactação lateral.


3. Compactação lateral do segmente apical:

➢ Faz-se a compactação lateral do segmento apical, utilizando-se dois ou três cones acessórios. É recomendada tomada radiográfica para averiguar a homogeneidade e o limite apical da obturação.


4. Inserção do compactador:

➢ Introdução do espaçador endodôntico digital, seguida de imediata inserção do compactador no espaço estabelecido. O compactador deverá apresentar diâmetro igual ou superior ao respectivo cone principal.

➢ O compactador, acoplado a um contra-ângulo de baixa rotação, é inserido no canal radicular até o ponto onde encontra resistência e, então, retrocedido por cerca de 1 mm e acionado no sentido horário.

➢ Após 1 segundo, o compactador é conduzido em direção apical por 1 a 2 mm.

➢ Procese-se à sua lenta remoção do canal radicular, com suave pressão lateral. Todo este procedimento é realizado em não mais do que 10 segundos.


5. Compactação da massa obturadora:

➢ Compactação da massa obturadora, na embocadura do canal radicular, com calcadores de Schilder, precedida de remoção de remanescentes de guta-percha na câmara pulpar, se houver.


6. Limpeza da câmara pulpar:

➢ Realizamos a retirada de toda guta-percha da câmara pulpar, em seguida com auxílio de uma gaze com álcool removemos o cimento obturador câmara pulpar.


7. Selamento coronário.


8. Radiografia final.


• Observações importantes:

1. O compactador de aço inox deve ater-se à porção reta do canal radicular.

2. Preventivamente, conferir o sentido de rotação do contra-ângulo, pois o compactador, em nenhuma hipótese, deve girar no sentido anti-horário. Pelo desenho da sua parte de trabalho, a rotação anti-horária resulta na rápida remoção da guta-percha do canal radicular e no imediato avanço do mesmo em sentido apical, com risco de travamento, perfuração radicular, transpasse foraminal ou fratura do instrumento.

3. O compactador deve ser acionado somente após ser posicionado no canal radicular e removido com o micromotor em funcionamento.

4. A termoplastificação deve limitar-se aos segmentos cervical e médio do canal radicular, ou seja, ficar 4 a 5mm aquém do comprimento de trabalho.

5. O profissional não deve impedir, e sim controlar o movimento de retrocesso do compactador; a resistência imposta pelo operador ao retrocesso pode levar à fratura do instrumento.


Como sei que meu tratamento endodôntico teve sucesso?


• O sucesso da terapia endodôntica deve ser avaliado periodicamente, de seis em seis meses.

• Casos de biopulpectomia são observados até um ano após a conclusão do tratamento.

• Dentes com polpa necrosada devem, preferencialmente, ser avaliados até no mínimo dois anos depois da conclusão do tratamento.

• Os critérios clínicos e radiográficos para a determinação do sucesso devem ser os seguintes:

1. Ausência de sensibilidade à palpação e percussão;

2. Mobilidade dentária normal;

3. Ausência de fístula;

4. Função dentária normal;

5. Ausência de tumefação;

6. Evidência radiográfica de normalidade do espaço do ligamento periodontal;

7. Regressão da lesão perirradicular (se presente anteriormente);

8. Ausência ou paralisação da reabsorção radicular.





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